sexta-feira, 18 de junho de 2010

Produzindo...

E aí vai um conto meu. Espero que gostem! E opinem! ; )

DOIS DEDOS DE VODKA - PARTE I

Pernas...braços...línguas...cabelos...
Dor de cabeça...
Abri os olhos, com muita dificuldade, e vi que estava no chão. Não o chão puro e frio, mas alguém havia forrado um cobertor fino sobre ele. Continuava duro, mas não tão mais frio.
E aí, a noite foi boa hein, ouvi alguém dizer. Era minha irmã, Júlia.
O que aconteceu? Perguntei.
Engraçado, eu ia te perguntar isso agora mesmo. E riu.
Levantei, com alguma dificuldade, depois de mandar ela calar a boca.
Dor de cabeça...
Fui deitar na minha cama, mas já estava ocupada por alguém coberto com o meu edredon. Era ela. Mais dor de cabeça...
Ah, acordou, Pam. Deita aqui e dorme mais um pouco. ela disse com a voz ainda grogue.
Cama...
Quando deitei e fechei os olhos novamente, era como se o mundo estivesse rodando ainda, mas era uma sensação gostosa essa de sentir tudo rodar, não a sua volta, mas junto com você. E de repente parou com um toque quente na minha barriga. O mesmo braço...
É incrível como as sensações mais diversas podem ativar a nossa memória, um cheiro, um som, uma imagem, um toque... Um toque...

Era um daqueles dias em que as meninas iam lá pra casa falar mal das ex-amigas e dos ex-namorados, até Júlia entrar no quarto com sacolas de supermercado, vodka e leite condensado, os olhos levemente vermelhor e inchados, como os de alguém que chorou muito mas já passou.
Não demorou muito e eu estava com um copo na mão. Dois dedos de vodka. O terceiro...eu acho.

Uma garrafa vazia no chão
Você já transou na rua, Ju?
Ai gente...
Risos...Roda...para...

Agora Su, já ficou com namorado de alguém?
Já, o Rian. Mas aquela vaca mereceu...
Mais risos... Roda...para.
Antonia...e aí, Tony, você ficaria com alguém daqui?
Um sorriso. Não precisei levantar o rosto pra saber pra onde ela olhava.
Sem risos.
Alguém roda isso aí...
Roda... para...
Silêncio. Levantei a cabeça e vi o que temia, era dela. Pra mim.
Mais silêncio...

Com uma das mãos em minha nuca: Posso?
Era difícil raciocinar com aqueles cinco dedos quentes propositalmente posicionados em minha nuca. O ar morno que saía de sua boa, tão próxima da minha, só me fazia pensar se sua textura era assim tão gostosa quanto era o seu cheiro. Seria injusto dizer que fui beijada. Nos beijamos.

Cadê as meninas?
Beijo.
Saíram.
Mais beijos.

Macios, molhados, como pêssegos umedecidos, senti seus lábios tocarem os meus e massageá-los com movimentos circulares e lentos, que logo foram acelerando, se intensificando. Lembro-me de sentir gosto de Halls de melancia, e aquele toque de Vodka distante que nos denunciava.
Os dedos quentes agora não estavam mais em minha nuca, mas podia sentí-los passando por minhas costas, minhas pernas, como irmãos em perfeita sincronia. Já não eram apenas cinco...
Não demoraram muito para encontrarem um refúgio úmido, quente, e pareciam satisfeiros com isso.Eu também estava. Movimentos lentos, acelerados...Respiração ofegante...
Lembro de deixar espacar alguns sons...
Gemidos? Talvez.
Não havia como não notar sua pele tão macia e cheirosa...gostosa. Seus braços, levemente grossos, e firmas. Suar pernas, podia sentí-las desnudas acariciando as minhas.
Por um breve momento quis partilhar de tudo o que acontecia, levei minhas mãos as suas costas, mas ela não deixou que passassem dali. Deixei que fosse como ela queria.
E então...quente e molhado...foi também em busa do refúgio antes encontrado pelos cinco irmãos. Não tive tempo de meconter, sequer de pensar.
Gemidos? Sim. Desta vez, com certeza.
Com os mesmos movimentos delicados e precisos, desta vez naturalmente umedecidos, tudo de que consigo me lembrar, então, é de sentir o coração pulando dentro do peito, sobressaltado, como em um susto daqueles.
Com todos os pelos de meu corpo eriçados, um calor quase insuportável percorria meu corpo, acompanhados de um frio agudo e intenso, como uma agulha de gelo percorrendo lentamente minha coluna, de baixo até em cima, lentamente...
Quanto tempo? Não sei...para mim ele havia parado.
A respiração já estava longe de controlada, a agulha subindo...o coração acelerando, a agulha subindo...as pernas bambeando, tremendo, a agulha subindo, subindo, subindo!
Silêncio.

Um sussurro.
Só vou saber se gostou quando pedir mais.
Só pude sentir um leve toque de seus lábios nos meus e aquele gosto de halls e Vodka distante na boca. O chão estava frio, e meus olhos fechados.