segunda-feira, 26 de março de 2012

Autoconfissão

É uma daquelas noites em que não consigo dormir...Mas eu tento.
Deito, viro, reviro. Tento achar aquela posição ideal, na qual você permanece e acaba por pegar no sono de repente, mas não encontro a posição e, menos, o sono.
Me canso de ficar ali deitada, porque...sei lá! Não me adianta de nada mesmo.
Então levanto...sem saber muito o que fazer agora.
Me sinto tão cansada, e desperta ao mesmo tempo.
Sou incapaz de decidir. Sinto que meu corpo pode decidir sozinho, reagir sozinho...
Minhas pernas andam antes que eu me dê conta do destino a que estou sendo levada. Apenas deixo que me levem.
E minha mente? Voa...E questiona: o que aquela pessoa estaria fazendo agora? E imediatamente me pergunto se realmente quero saber.
E como a mente é perigosa. E livre! O que a torna ainda mais perigosa, e excitante. Ela voa pra mais longe, no tempo. E antes que tenha tempo de questionar, como que em uma sinfonia perfeita, meus lábios esboçam um sorriso discreto e sincero. E intimamente esclarecedor ao reconhecer as noites de sono perdido nas salas alheias de outrora. Memórias que povoam minha mente sem pedir autorização.
Mas sabe que...eu gosto! Será que isso é saudade? Não...Creio que ter boas lembranças e ficar feliz por tê-las não significam necessariamente que se queira que elas voltem.
Que não me arrependo de nada, eu tenho certeza. Bem como sei que faria tudo de novo...naquela época. Porque agora os tempos são outros. São tempos de insônia por serem outros tempos...

Meu corpo me leva, enfim, para onde eu não quero e não devo estar...e talvez agora eu veja algum sentido e ironia instalados nos pensamentos a que antes havia sido levada.
Outro lugar. Outra pessoa. Mas não a mesma vontade, dessa vez eu realmente não quero, mas estou fazendo. E é bom. É gostoso, de verdade. Mas também é diferente, de um jeito que definitivamente não sei explicar. Tudo que sei é que acabou...o sono que não veio, o prazer, as promessas de não contar a ninguém, o gozo, a chuva que caiu por toda a noite...
Então me dei conta de que estava em minha cama, com meus lençóis e minhas lembranças...e toda vontade de não saber se foi tudo só um sonho.