Nunca fiz questão de moda...e
sempre que a segui foi muito mais por uma questão social do que
estética. Vide meus cabelos, que sempre mantive naturalmente cheios
e cacheados, na tentativa incessante de demonstrar toda a minha
personalidade. Porque pra quem não sabe, os cabelos, normalmente,
podem descrever uma mulher. E os cabelos cacheados então...
Era um conjunto de cachos,
contrariando essa ditadura da chapinha ou mesmo a ideia de que
cabelos cacheados devem obrigatoriamente ser cheios e definidos, ou
não são bonitos. Mentira. Seus cachos eram ralos e sem forma
definida, sem aquele ar artificial. Totalmente naturais e revoltosos.
Os mais lindos que já vi.
E se acompanhasse o comprimento
dos fios de seus cabelos, logo abaixo encontrava suas costas
perfeitamente delineadas, que vinham desenhando sua cintura e, em
medida perfeita, chegava ao quadril.
Ela estava de costas. Sua risada
alta e discreta também chamou a minha atenção, me deixando cheia
de vontade de ver melhor, de frente e de perto, a dona daquelas
curvas discretas. Sim, discretas, mas estavam lá.
Me aproximei do grupo dela
esperando a oportunidade ideal para puxar assunto. E não demorou
muito para que ela virasse de frente para mim. Foi bastante simpática
comigo, sem oferecer nenhum impedimento quando eu, no auge da minha
cara de pau, puxei assunto. Como? Perguntando as horas.
Depois de quatro caipivodkas,
muitas risadas e uma ida ao banheiro dizendo que voltaria – e
voltou – eu a beijei.
Ela podia não ser a mais gata ou
a mais gostosa. A mais simpática? Talvez. Mas, com certeza, era a
escolha certa. Beijo encaixado. Cheiro instigante. Mãos nervosas. E
a pegada...excitante o suficiente pra que eu abrisse os olhos e me
visse jogando-a na parede, com uma atitude que não era minha. Eu
estava adorando.
“Você é maluca?” ela disse
rindo muito, depois que perguntei se não queria ir pra minha casa. A
desculpei silenciosamente pela indelicadeza quando me lembrou que
havíamos acabado de nos conhecer.
– Não seja por isso – eu
disse – Nome?
– Maria Isabel, mas pode me
chamar de Bel.
– Idade?
– 18, quase 19.
– Céus! Sou quase pedófila!
Risos.
– E mora onde?
– Ah...perto.
– Perto onde?
– Perto, vai...
– Hmm...ta..deixa eu pensar....
Ela riu.
– Que foi? - perguntei, também
rindo.
– Pára com isso, vai...
Me beijou.
E depois de mais daqueles beijos
perfeitos, abri os olhos e nos vi no tapete da minha sala. Na sei se
o que a havia convencido fora a minha boa índole. Ou meus lindos
olhos mel. Mas preferi acreditar no potencial de meus demais
atributos e parar de pensar nisso.
Ela me levou às nuvens, aos céus,
às estrelas, ao êxtase! Foram duas horas de muito suor e tato.
Felizmente terminados em mútua satisfação e pernas bambas.
A minha imitação de tapete
persa, vermelha e laranja, de um metro e oitenta por dois, nunca
pareceu tão confortável. Ficamos por lá mesmo. Abraçadas como se
não fosse a primeira vez.
Conversamos por muitos minutos. E,
pra minha surpresa, ela tinha realmente um bom papo. Me peguei muito
mais feliz com isso do que julguei necessário. Mas ela tinha algo
diferente, ou melhor, despertava em mim algo diferente. Uma atitude
que não me pertencia. Mas antes que eu pudesse divagar sobre, senti
suas mãos delicadas passeando pela minha barriga. Umbigo...
Virilha... Coxa... E seu quadril fazia movimentos – involuntários?
– enquanto sua perna abraçava as minhas, me deixando exposta a
todo o calor e umidade que tomava conta das partes mais íntimas da
dona daqueles cachos.
Os cachos! Sem pensar, acariciei
sua nuca com as mãos, entrelaçando meus dedos nos seus cabelos.
Fechei as mãos e, esperando que com a medida certa, puxei. Pelo que
veio em seguida, descobri que havia acertado. E descobri também que
seus gemidos me deixavam com ainda mais vontade.
E numa sequência de movimentos
que não reconheci como meus, me vi em cima dela. Minhas mãos
passeavam pelo seu corpo perfeito, acariciando e descobrindo como
aquele gesto era excitante pra mim. E enquanto meus dedos exploravam
sua pele quente, nossas línguas se acompanhavam pelo que descobri
ser o melhor beijo que já provei.
Era diferente. Diferente de todas
as vezes. Eu sempre era recobrada de volta à realidade por algum
motivo, o que me obrigava a interromper meu prazer, mas não agora.
Tinha consciência dos meus atos, fazia coisas que nunca tinha feito
antes mas que, logo notei, sempre quis fazer. Tinha medo de não
conseguir, não saber, ou não gostar. Mas os ruídos que saíam de
sua boca insistiam em me desconectar destes pensamentos e me
convencer de que só podia estar fazendo tudo certo.
Mais excitante que seus gemidos
era saber que eu os provocava. Eu...meus dedos....minha língua...meus
lábios...meu corpo. Era eu, inteira e completamente responsável por
todo calor que transbordava dela. Me declarava culpada. Culpada com e
por todo o prazer.
Sua pele tinha um gosto delicioso.
A começar pelo pescoço... colo... seios...barriga...
Um breve instante de insegurança
me fez ameaçar parar o que fazia. Então senti suas mãos nas
minhas, conduzindo-me à sua vontade. E quando soltava, eu já tinha
aprendido o caminho. Ela deixava. Ela queria. E eu, obediente,
continuava.
Fui novamente ás nuvens, aos
céus, às estrelas, ao êxtase! Mas dessa vez, de um jeito
diferente. Mas tão delicioso quanto antes.
Atenta aos detalhes, percorri todo
o seu corpo, sentindo o gosto de cada pedacinho, na tentativa de
proporcionar a ela a sensação perfeita.
A melhor que já havia feito, eu
estava me deliciando enquanto experimentava a sua intimidade. Com
movimentos suaves e desengonçados, excitava-me cada vez que notava
um mínimo indício de satisfação, pelo meu desempenho, da sua
parte. Não tinha o gosto estranho e difícil que eu esperava.
Surpreendia-me ao notar que estava realmente gostando.
Seu cheiro me excitava. Sua
excitação me enchia de prazer. Seu gosto me satisfazia de um jeito
único!
Era quente...
Meus dedos, minha língua e todo o
meu corpo tinham uma vida própria, de puro instinto, que tornavam
simplesmente desnecessário qualquer racionalidade naquele momento.
E eu aprendia, com meu instinto,
que tinha um tato apurado.
A excitação fazia com que meus
movimentos ganhassem velocidade.
Era úmido...
E aceleravam mais.
Era quente, úmido e gostoso...
Eu não conseguia parar.
Ainda quente, ainda gostoso, agora
molhado...
Tato e paladar...juntos. Eu não
queria parar.
Molhado, quente, gostoso e
excitante...
Sentia algo escorrer pelo meu
rosto e deslizar pelo meu pescoço, enquanto ela, sem pudor algum,
contorcia-se em meio a gemidos e espasmos.
Gemidos e espasmos que aumentavam
gradativamente, assim como a cumplicidade dos meus sentidos.
Os espasmos diminuíram. E os
gemidos transmutaram-se em respiração entrecortada e ofegante. E
ela me puxou para o seu lado, olhando nos meus olhos e abrindo um
sorriso largo e lindo. Nesse momento, achei que tinha acabado. Estava
bom assim. Não havia como melhorar.
Doce engano o meu.
Esquecemos completamente do tempo.
Não fazíamos a menor questão de saber as horas. Simplesmente não
queríamos parar.
Foram mais do que minutos, foram
horas. Não algumas horas, mas todas as horas de uma noite e, depois,
todo um dia. Um dia de completa e prazerosa dedicação ao êxtase.
E na manhã do dia seguinte, lá
estávamos.
Eu, meu tapete e um sem-número de borboletas ridículas
que começaram a voar dentro da minha barriga quando olhei pro lado e
vi aquele pedaço de papel com um número de telefone.